Brasileiras são acusadas de sequestrar os próprios filhos em Portugal; confira os dados - Don't LAI to Me #143
Veja também: mulheres ganham menos que seus colegas de patente nas Forças Armadas
Esta é a edição #143 da Don’t LAI To Me, a newsletter quinzenal da Fiquem Sabendo para quem quer informação direto da fonte. Todo o conteúdo é produzido com base na Lei de Acesso à Informação (LAI). Entenda tudo sobre a legislação na nossa WikiLAI!
🟨 Mães acusadas de sequestrar os filhos; trabalho sexual de mulheres trans e travestis no RJ; Delegacias da Mulher a passos lentos em SP; e mais
Esta edição da Don’t LAI To Me traz novos dados de investigações realizadas por bolsistas do programa de formação “Vozes de Impacto: Jornalismo Investigativo sobre Direitos Humanos e Democracia”, desenvolvido pela Fiquem Sabendo com apoio da Embaixada Britânica. As informações tratam de casos em que mães brasileiras foram acusadas de sequestrar os próprios filhos em Portugal, trabalho sexual de mulheres trans e travestis no Rio de Janeiro, funcionamento de Delegacias da Mulher em São Paulo, acesso a laqueadura pelo sistema público de saúde e ações de vereadores conservadores para dificultar o aborto legal em diferentes cidades.
Após a formação online, coordenada por Maria Eduarda Frisoni, com 225 mulheres certificadas, oito bolsistas receberam apoio financeiro e mentoria para a produção de reportagens. As mentorias foram lideradas pelas jornalistas Aline Gatto Boueri e Marta Alencar, com a coordenação de Maria Vitória Ramos e apoio técnico da equipe da Fiquem Sabendo. Três reportagens foram destacadas na edição #142, conheça as outras cinco a seguir, com os dados obtidos pelas repórteres disponíveis para livre reprodução em novas apurações.
Brasileiras vítimas de violência doméstica em Portugal
Com dados do Ministério de Relações Exteriores (MRE) obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) e estatísticas do Mapa Nacional da Violência de Gênero, a jornalista Maíra Streit mostra que Portugal é o país com maior número de cidadãs brasileiras residentes no exterior que buscam a rede consular em busca de ajuda por episódios de subtração de menores. Em relação às disputas de guarda, o país ocupa o segundo lugar. A reportagem “Ao fugirem da violência doméstica, mães brasileiras são acusadas de sequestro dos próprios filhos” foi publicada no Público (Portugal) e no Correio Braziliense com o título “Mães brasileiras são tratadas como sequestradoras”.
Nascida em Rondônia, Maíra tem 38 anos, quase 20 dedicados ao Jornalismo. Reside em Lisboa (Portugal), onde ministra aulas no Clube de Jornalismo da Escola Básica Teixeira De Pascoais e é repórter freelancer no jornal A Mensagem de Lisboa.
Trabalho sexual de mulheres trans e travestis no RJ
Estudante de Jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF) e estagiária da Agência Brasil, Francielly Barbosa garimpou informações sobre mulheres trans e travestis no trabalho sexual, com foco em seu estado, o Rio de Janeiro. A reportagem “Muito além das esquinas: Mulheres trans e travestis trabalhadoras sexuais no Rio de Janeiro”, publicada na Agência Diadorim, exibe a dificuldade de acesso ao emprego formal para mulheres trans e travestis, que acabam se submetendo à prostituição como alternativa de trabalho e sendo expostas a vários tipos de violência.
Ainda, a investigação mostra que o Estado brasileiro não produz dados sobre mulheres trans e travestis que exercem trabalho sexual. Ao questionar, via LAI, os ministérios do Trabalho e Emprego (MTE), dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e da Saúde, e a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDSODH) do Rio de Janeiro, a jornalista descobriu que até mesmo os órgãos oficiais contam com a sociedade civil para produção de estatísticas sobre população trans e travesti no Brasil.
Só 13% das Delegacias da Mulher funcionam 24h em SP
Na reportagem “Desprotegidas: Só 13% das Delegacias de Defesa da Mulher funcionam 24 horas em São Paulo”, publicada na Gênero e Número, Juliana Cunha revela que o estado de São Paulo vem usando uma medida emergencial da pandemia para contornar a Lei nº 14.541, de 2023, que tornou obrigatório o funcionamento 24 horas das Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs). Natural de São Paulo, Juliana é professora de Direito, advogada, educadora popular e membra do Coletivo de Juristas Feministas de São José dos Campos,
Com dados obtidos via LAI, a reportagem mostra que, até fevereiro de 2025, todas as DDMs que atendiam de maneira ininterrupta no estado eram anteriores à legislação. No ritmo atual, São Paulo demoraria 35 anos para garantir que todas as delegacias que já existem funcionem de acordo com a lei.
Desigualdades no acesso à laqueadura
A estudante de jornalismo Letícia Barbosa, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), realizou a investigação “Lei da laqueadura impacta o número de procedimentos em Pernambuco, mas mantém desigualdade no acesso”, publicada no Marco Zero Conteúdo. A reportagem destaca que barreiras persistem, como a concentração dos serviços em Recife, a dificuldade de acesso ao planejamento reprodutivo e a falta de informação.
Além disso, a busca pela laqueadura tem impulsionado a realização de cesarianas, levantando preocupações sobre o impacto na saúde das mulheres. Os dados utilizados na investigação foram extraídos do Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS).
Vereadores dificultam acesso ao aborto legal
A reportagem de Maria Paula Monteiro Machado, jornalista feminista de Minas Gerais, integrante de movimentos sociais de luta pelos direitos das mulheres e pessoas LGBTQIAPN+, revela um movimento coordenado de vereadores de extrema direita em diversas capitais para dificultar o acesso ao aborto legal no Brasil. Mestranda em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Maria Paula publicou a investigação “Vereadores pelo país tentam barrar o acesso ao aborto legal” na Revista AZMina.
Os dados da apuração mostram que, entre 2017 e 2024, foram apresentados 103 projetos de lei sobre aborto ou nascituro nas Câmaras Municipais das capitais, sendo que as cidades com mais projetos foram: Rio de Janeiro (15), Fortaleza (13) e São Paulo (11). A reportagem coletou dados via LAI e nos sites das Câmaras Municipais, analisando projetos que mencionam "aborto" ou "nascituro".
Caso queira tirar dúvidas com as repórteres sobre como acessar mais dados ou obter outras informações da investigação, entre em contato com a equipe do projeto pelo e-mail comunicacao@fiquemsabendo.com.br.
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🟨 Remuneração média de mulheres é menor do que de colegas de mesma patente nas Forças Armadas em ¼ dos casos
Dados exclusivos obtidos pela Fiquem Sabendo (FS) revelam disparidades das remunerações entre homens e mulheres que ocupam as mesmas patentes nas Forças Armadas, tanto nas escolas de formação quanto nos postos mais altos da hierarquia militar.