Watching the Watchmen: o que os órgãos públicos estão investigando nas redes sociais?
Como saber quais são as preocupações de um órgão público por meio dos assuntos por ele monitorados
Está é a edição # 16 da newsletter Don’t LAI to Me, a primeira no Brasil a trazer dicas e tutoriais exclusivos de como obter documentos e informações do poder público por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Este produto é totalmente gratuito e feito por voluntários. Apoie nosso trabalho!
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Está chegando agora e não sabe o que é a Lei de Acesso à Informação (LAI)? Ouça esta conversa que tivemos com o Podcast Coluna7, das nossas parceiras do Colaboradados ou ainda esta outra, com o pessoal do Leitura ObrigaHistória. Assista à entrevista do nosso editor Luiz Fernando Toledo ao curso de jornalismo de dados do Knight Center. Acompanhe também nossos vídeos no Youtube.
Watching the Watchmen: o que os órgãos públicos estão investigando nas redes sociais?
O Ministério da Defesa está de olho em fluxos de possíveis caminhoneiros grevistas na internet.
Também vê com preocupação as histórias da Vaza-Jato - série de reportagens do site The Intercept Brasil e outros veículos jornalísticos a partir do vazamento de mensagens atribuídas ao ministro da Justiça Sérgio Moro e procuradores da Força-Tarefa da Operação Lava-Jato, com receio de que as informações negativas respinguem na pasta.
A Prefeitura de São Paulo enfrenta muitos problemas, mas nenhum deles enfurece tanto os cidadãos como as fortes chuvas que atingem a cidade e o caos que se instala a partir disso - de queda de energia a congestionamentos e acidentes. É o tema de maior repercussão negativa nas redes sociais - não importa o quanto o governo se esforce para dizer que resolveu os problemas. Os dados provam isto.
Já o Ministério da Saúde tem monitorado termos associados à palavra “vacina” nas redes e registra, com frequência, textos que desinformam sobre o tema.
O que todas essas informações, aparentemente desconexas, têm em comum?
Todas elas foram retiradas de relatórios internos de monitoramento de redes sociais produzidos pelos órgãos públicos.
Essas pesquisas internas, que nada mais são do que uma forma mais moderna de clipping (quando um assessor reúne informações que foram publicadas sobre o órgão em tradicionais veículos da imprensa), podem ser um incrível banco de informações relevantes para compreender o comportamento e o funcionamento do setor público em um determinado momento.
Este tipo de monitoramento vem ganhando cada vez mais importância para os órgãos públicos. O governo Bolsonaro cancelou as pesquisas de opinião pública contratadas anteriormente por Michel Temer, ficando apenas com dados de interações de usuários das redes sociais, segundo esta reportagem do portal Metrópoles.
O que, afinal, está na mira de um ministério ou de uma secretaria? Quais são as suas preocupações reais, e como elas refletem no comportamento e nas decisões de seus dirigentes? Como os cidadãos reagem a esses fenômenos?
Tudo isso, não custa lembrar, está à distância de um pedido de LAI de qualquer cidadão. Poderia já estar disponível na internet, mas os órgãos entendem que essas informações não precisam ser publicadas automaticamente, mas somente quando alguém as requisita.
Para ter acesso a tais documentos, um bom passo inicial é descobrir qual empresa é responsável pela produção dos dados. No governo federal, por exemplo, uma empresa chamada Sérgio Machado Reis é responsável por elaborar esse tipo de documento para diversos ministérios. Em alguns casos, apenas o clipping tradicional mas, em outros, envolve o monitoramento completo das redes. Para tornar o pedido mais objetivo: “Solicito acesso aos relatório de monitoramento das redes sociais e/ou clipping produzidos pela empresa X no período de Y a Z”.
Pela nossa experiência até o momento com pedidos deste tipo, os órgãos costumam dispor de uma lista de palavras-chave que são monitoradas e de relatórios, geralmente semanais ou mensais, que resumem quais assuntos foram positivos, quais foram negativos, quem são os influenciadores que estão colocando o órgão público em evidência e qual é o diagnóstico de tudo que se está falando daquele assunto. Um bom termômetro para sentir que caminho seguir em uma pesquisa ou reportagem.
O que os órgãos que você acompanha estão pesquisando? Descubra e nos marque nas redes sociais!
PROJETO SEM SIGILO: Governo chamou prisões de jornalistas durante Jornadas de Junho de 2013 de “detenções arbitrárias” em relatório sigiloso + levantamento apontou 373 feridos e 638 presos pelo País
Um relatório da Inteligência do Ministério da Justiça que vinha sendo mantido em sigilo desde março de 2014 chama de “detenções arbitrárias” as prisões de jornalistas durante as Jornadas de Junho de 2013.
Os documentos estão tarjados e apontam o caso de um jornalista detido à época por portar vinagre, bem como as agressões cometidas contra os jornalistas Giuliana Vallone, então da Folha de São Paulo, e o fotógrafo Sérgio Silva - ele perdeu a visão do olho esquerdo depois de ter sido atingido por uma bala de borracha atirada pela Polícia Militar de São Paulo.
Veja aqui o papel.
O documento é mais uma descoberta do projeto SEM SIGILO, do Fiquem Sabendo. A iniciativa tem como objetivo revelar o teor de documentos colocados sob sigilo pelo governo federal nos últimos anos e conta com apoio de voluntários de todo o País.
O relatório reconheceu ao menos 638 presos e 373 feridos durante as manifestações de Junho de 2013 em todo o Brasil. Só em São Paulo foram 388 detenções e 160 feridos- números menores do que os apontados pela ONG Artigo 19 em um relatório produzido sobre o tema.
Também liberamos documentos inéditos sobre como o governo e a Polícia Rodoviária Federal monitoraram a Jornada Mundial da Juventude em 2014, entre outros.
Se você apoia o Sem Sigilo, ajude-nos no Catarse.
Prevenção contra incêndios na Amazônia tem pior orçamento desde 2012 + outros dados do tema
Mostramos neste post alguns bancos de dados relevantes para a cobertura das queimadas na Amazônia. O mais interessante deles mostra que o orçamento das superintendências do Ibama nas áreas da Amazônia Legal vêm perdendo recursos ao menos desde 2012 - com o menor repasse em 2018.
Todas as armas, simulacros e munições apreendidas pela Receita Federal entre 2010 e 2018
Abrimos uma interessante base de dados da Receita Federal sobre a quantidade de armas de fogo, simulacros, armas de pressão, partes e/ou componentes de armas apreendidas entre 2010 e 2018 no Brasil, dividido por Estado e por apreensão. Uma boa oportunidade para dar aquela olhada atenta no seu Estado e buscar possíveis histórias. Acesse aqui (link no final da página com os arquivos)
Os órgãos mais lentos em responder pedidos de LAI no Estado de SP
Montamos uma lista com base em dados da Central de Atendimento ao Cidadão do Arquivo Público do Estado de São Paulo e descobrimos pedidos que levaram anos para serem respondidos, bem como médias de tempo de resposta muito acima do permitido pela lei, que é 30 dias. Veja quem são os órgãos mais lentos - e cobre seus direitos!
Os gastos de órgãos federais com Uber
Estamos abrindo, um a um, os dados de gastos de servidores públicos com o uso de Uber. Você pode acompanhar a thread com todos eles aqui (por enquanto só recebemos resposta de quatro, mas teremos todos em breve).
Todos os estudos que embasaram as mudanças no Censo 2020
Nosso advogado Bruno Morassutti teve acesso a todos os pareceres e notas que embasaram a redução do questionário do Censo 2020. Acesse aqui
Congresso Internacional de Jornalismo de Educação: fomos apoiadores oficiais!
O Fiquem Sabendo foi apoiador oficial do 3º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, promovido pela Associação de Jornalistas de Educação - Jeduca. Mais uma vez oferecemos gratuitamente uma aula sobre o uso da LAI, desta vez com foco em reportagens de educação. Também distribuímos 10 ingressos para jornalistas e estudantes de jornalismo, em parceria com a Jeduca, por meio de um concurso de pautas com uso da LAI.
Também marcamos presença nestes eventos:
Workshop do Instituto Sou da Paz sobre Jornalismo e Acesso a dados sobre Segurança Pública
#JornalismoePeriferias, parceria da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) com o Google News Initiative e agência escola Énois, com workshop de nossa diretora Maria Vitória Ramos.
LAI na Imprensa
Fundo garantidor para cobrir calotes do Fies tem R$ 116 bilhões parados - Folha
Governo do Rio pagou por dia de folga de Witzel em Buenos Aires - Folha
Funcionário falso, agressão, tiro e ato obsceno são crimes no dia-a-dia da Câmara - Folha
Puxadinhos dos deputados custam R$ 93 milhões por ano - Gazeta do Povo
Receita de igrejas quase dobra em oito anos e vai a R$ 242 bilhões - Folha
Quem somos
O Fiquem Sabendo é uma agência de dados independente e especializada no uso da Lei de Acesso à Informação (LAI). Somos um grupo de jornalistas cuja tarefa primordial é fomentar a cultura de transparência pública, tendo por foco a exposição de exemplos do uso eficaz da LAI.
Nosso compromisso é trazer dicas, tutoriais e dados inéditos a cada 15 dias. A ideia é fazer com que você - cidadão, ativista, jornalista, pesquisador ou entusiasta dos dados abertos - obtenha e use essas informações de maneira cada vez mais qualificada.
Don't LAI to me: uma newsletter para quem quer informação direto da fonte!
Editada por Luiz Fernando Toledo
Equipe FS: Léo Arcoverde, Maria Vitória Ramos, Luiz Fernando Toledo, Fabiana Cambricoli e Bruno Morassutti.
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